Nós somos o outro
Não somos crianças inocentes vitimadas por um grande mundo malvado. Se nosso mundo é grande e mau, nós o fizemos dessa maneira. Isso é o que o Buda ensinou. O “outro” é um bicho-papão infantil, a projeção de nossos próprios medos em um objeto assustador de nossa imaginação, que nos aterroriza. Nossa ignorância é não ver que nós somos o outro. Não podemos nos permitir confundir inocência com essa ignorância. A violência não é um objeto permanente, imutável e fixo. É um estado da mente, uma expressão da ignorância. Não tem mais solidez que uma nuvem. Não podemos lançar um ataque frontal na violência. Mesmo proteger a nós mesmos disso abastece sua existência de bicho-papão. Mas o Buda ensinou que podemos mudar. Essa foi sua boa notícia: existe uma maneira de aliviar o sofrimento através da libertação de nossas mentes da cobiça, raiva e ignorância. Mas até que entendamos os modos como somos Oklahoma City, as bombas e os filhotes de ursos, as vítimas e os violadores, continuaremos a acusar os “outros”, sempre proclamando nossa inocência e fugindo de nossas responsabilidades. Helen Tworkov, em “Tricycle: The Buddhist Review, Vol. V” Tricycle’s Daily Dharma, 27 de setembro, 2007. Tolerância e paciência A fonte verdadeira de meu sofrimento é o auto-centramento: meu carro, minhas posses, meu bem-estar. Sem o auto-centramento, o sofrimento não surgiria. O que aconteceria no lugar disso? É importante imaginar isso de modo completo e focar em seus próprios exemplos. Pense em algum infortúnio que te dá vontade de explodir, que faz surgir a raiva ou angústia. Então imagine como você reagiria sem sofrer. Reconheça que não precisamos vivenciar a angústia, muito menos a raiva, ressentimento e hostilidade. A escolha é sua. Vamos continuar com um exemplo. Alguém bate em seu carro. O que precisa ser feito? Pegue os dados do outro motorista, registre a ocorrência, contate o seguro, lide com todos os detalhes. Simplesmente faça isso e aceite. Aceite com satisfação, como uma maneira de fortalecer sua mente, desenvolver paciência e a armadura da tolerância. Não há como se tornar um Buda, permanecendo inseguro e vulnerável. A paciência não surge de repente como um bônus após a iluminação total. Faz parte de todo o processo do despertar desenvolver maior tolerância e equanimidade diante da adversidade. Shantideva, no sexto capítulo de seu “Caminho do Bodisatva”, eloquentemente aponta que não há como desenvolver paciência sem encontrar a adversidade, e que a paciência é indispensável para nosso próprio crescimento no caminho para a iluminação. B. Alan Wallace (EUA, 1950 ~) “The Seven-Point Mind Training” Paciência com ''inimigos'' Se não houvesse agressores ou causadores de danos, a paciência não surgiria. Ela aparece apenas na presença daqueles que nos atacam. Assim, considerando que um inimigo é exatamente a causa absoluta para a prática da paciência, como é possível ser dito que um inimigo é um obstáculo para nosso mérito e virtude? Não faz sentido, já que o primeiro fator causa o segundo. A ausência de inimigos é que impede o surgimento da paciência. Kunzang Pelden Compaixão Crucial: Jigme Tromge Rinpoche (Índia, 1964 ~): Cultivamos a compaixão na meditação ao nos colocarmos de fato no lugar dos seres que estão sofrendo. Para começar com um exemplo bastante ilustrativo, você pode imaginar a si mesmo como uma ovelha sendo arrastada pelo açougueiro em direção ao matadouro. É relativamente fácil entender a dor e o medo que o animal está passando ao sentir o cheiro do sangue dos outros animais abatidos e ao saber que ele está sendo conduzido para a própria morte. Você poderá pensar: “Digamos que eu fosse uma ovelha que estivesse sendo desamparadamente arrastada em direção à própria morte, sem ninguém para me proteger ou me defender, com a porta do bardo se aproximando mais e mais à medida em que eu chego cada vez mais perto do matadouro. Como eu estaria me sentindo?”. Ao imaginar-se nessa posição, você ganha alguma empatia, alguma sensibilidade em relação ao sofrimento que aquele determinado ser está experienciando. O valor de cultivar a compaixão na nossa meditação não deve ser subestimado. Um dos sutras afirma: Se você deseja despertar para o estado búdico, não se preocupe com muitos Darmas; concentre-se em apenas um único Darma. Que Darma é esse? A grande compaixão. Tudo se articula a partir dessa qualidade de compaixão. Essa é a medida do quanto ela é crucial para nossa prática. “Mudança de perspectiva” |
Sejam muito bem vindos, esse é meu cantinho de pensamentos e reflexões em busca de conhecimento, sabedoria e paz interior. Meu propósito é coletar e difundir importantes mensagens voltadas para o autoconhecimento. Muita Paz, Luz e Amor... Namastê!!!
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
NÓS SOMOS O OUTRO
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