terça-feira, 15 de maio de 2012

O Yoga e a criança


Conheça os benefícios da prática desde a infância:

Criança precisa de movimento. Essa idéia é recorrente em muitos autores estudiosos do desenvolvimento infantil como Piaget, Wallon e, principalmente, autores da ciência do movimento humano, a psicomotricidade. Todos eles falam sobre a importância do corpo e de seus movimentos nas aprendizagens para a educação integral.

"A criança é o seu corpo" é a afirmação do psicomotricista Ajuriaguerra para esclarecer a unicidade corpo-mente. Não se trata, portanto, do corpo treinado mecanicamente nas atividades repetitivas de jogos competitivos em que o objetivo é a excelência do desempenho, mas do corpo que se movimenta para agir e expressar-se em presença das situações a que deve se ajustar.

E, atualmente, as crianças quase não se movimentam em brincadeiras e jogos como pular amarelinha, pular corda, rodar pião, pega-pega... Suas brincadeiras são, muitas vezes, os videogames, as conversas via Internet, os torpedos via celular.....

Então as escolas vivem cheias de crianças desajeitadas, que tropeçam, esbarram nos colegas, não conseguem seguir orientações de espaço, que seguram o lápis com força demasiada e, ao escrever, pressionam tão fortemente o lápis no papel que a marca do que escreveu é possível ser visualizada nas três, ou mais, folhas seguintes. São crianças que não viveram seu corpo.

O Hatha Yoga (Yoga significa união), em termos filosóficos, é aquele em que se praticam, com grande ênfase, alguns passos do Ashtanga Yoga,de Patânjali: os asanas (posturas psicofísicas energéticas), os pranayamas (exercício respiratórios) e o relaxamento, que são acompanhados de atitudes mentais favoráveis ao desenvolvimento da autoconsciência. Todos esses passos são vivenciados pela criança de modo muito lúdico, sem competitividade. Para que esse processo flua de modo que a criança se beneficie integralmente dessas atividades yóguicas, é aconselhável que seu professor-instrutor tenha uma visão holística que inclua conhecimentos razoáveis sobre o desenvolvimento psicofísico infantil, além, é claro, do domínio da filosofia e prática do Yoga.

A criança, praticante de Yoga, tem um desenvolvimento mais tranqüilo e harmonioso. Os asanas servem de instrumento para o domínio do corpo, estimulando glândulas, vitalizando o físico e revigorando o sistema nervoso, em um processo de respeito aos próprios limites, sem qualquer preocupação de competição com os outros praticantes. Os asanas ajudam as crianças em idade escolar no desenvolvimento da coordenação motora global e fina tão necessárias às atividades como a escrita, o recorte com tesoura, o manuseio de régua, compasso, por exemplo. Educam a postura psicofísica que permite sentar-se adequadamente nas carteiras, evitando dores musculares, e manter atenção às atividades propostas. Eles ativam a circulação sanguínea. Melhoram o sentido de equilíbrio, permitido um movimentar-se mais seguro e firme. Desenvolvem a noção de lateralidade, que permite à criança, por exemplo, em processo de aquisição de escrita, diferenciar p de q, d de b. Os asanas corrigem o peso do corpo e permitem a compreensão e observação dos processos e fenômenos corporais, melhorando a auto-imagem e a auto-estima tão necessárias aos escolares na convivência com seus pares.

Os pranayamas, exercícios respiratórios, melhoram as condições gerais desse aparelho, trabalhando a respiração correta, profunda contra asmas e disfonias, trazendo equilíbrio emocional, autoconfiança, disciplina e concentração.

Sabemos que as crianças são muito requisitadas atualmente pelo excesso, simultaneidade e rapidez das comunicações, principalmente visuais e auditivas e, por isso, apresentam grande dificuldade de concentração, questão apontada constantemente por seus professores.

A falta de equilíbrio emocional, de autoconfiança e de autodisciplina são fatores geradores de conflitos sérios no ambiente escolar. Os escolares não se entendem mutuamente e nem aos adultos, não sabem, muitas vezes, resolver questões sem usar de violência verbal ou, até mesmo, física e se expõem pouco afetiva e intelectualmente. Em uma situação escolar em que se constroem conhecimentos, atitudes e valores e que, portanto, o papel do aluno é daquele que age, ou melhor, que interage, equilíbrio emocional, concentração, autodisciplina e autoconfiança são fundamentais.

São por tais motivos que acreditamos que a prática do Yoga, que leva o homem a alcançar o maior desenvolvimento possível de sua personalidade através do controle do físico e da psique, pode e deve ser recomendada desde a infância. Por: Sandra Bortholoto

Professora de Yoga, pelo Instituto de Yogaterapia, pósgraduanda em Psicomotricidade na Educação pela FIJ, pósgraduada em Transdisciplinaridade em Educação, Saúde e Liderança pela FAVIM/UNIPAZ, pósgraduada em Técnicas de Tradução pela PUCCampinas, Pedagoga e professora aposentada de língua portuguesa. Atuou por mais de três décadas na educação formal, passando pela educação infantil ao ensino superior.

Dedica-se às aulas de Yoga para crianças e às pesquisas nessa área numa abordagem holística e participa do Curso para formação de professores de yoga para crianças, promovido pelo Yoga Com Histórias.

Fonte: http://www.yogacomhistorias.com.br/2009/website/exibe_txt.asp?titulo=artigos&conteudo_txt=779

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